"Tudo o que nasce do trabalho é bom. Tudo o que se amontoa pelo trabalho é justo. Tudo o que se assenta no trabalho é útil." Rui Barbosa
O noroeste fluminense como um todo, e miracema em particular, sempre teve, como era de se esperar, uma vocação para a agricultura e a pecuária. No passado, não muito distante, tivemos o ciclo do café, época de riqueza visto que a cafeicultura, por necessitar de muita mão de obra, é socializante ou seja reparte o lucro, o que não acontece com a pecuária de corte. Naquela época, houve crescimento econômico com fixação do homem à terra. Com a erradicação do café, veio o êxodo rural, o empobrecimento do produtor rural, e por extenção da cidade.O ciclo da cana de açucar e depois do arroz não supriram o vazio deixado pela cafeicultura. A pecuária tem um ditado popular que diz onde o boi chega, o homem tem que sair, pois emprega pouca mão de obra.
Em 2003 levamos um grupo de produtores rurais para visitar a Aracruz Celulose e na época foi proposto um projeto de plantio de eucalipto, com a Aracruz se comprometendo a fornecer técnicos, mudas de qualidade, financiamento no plantio e compra da madeira produzida pelo preço de mercado.
A Aracruz colocaria um entreposto para receber a madeira em paraoquena, de onde por trem chegaria ao seu destino no Espirito Santo. Esta proposta só não frutificou devido a ALERJ ter aprovado uma Lei restringindo o plantio de eucalipto em nosso Estado.
Procuramos, entretanto, apoiar os interessados na silvicultura, com produção de mudas de eucalipto, cedro e teca, que alcunhamos de poupança verde, visto que a madeira, escasseando no mercado, tende cada vez mais a se valorizar de forma acelerada. Continuamos acreditando que a silvicultura poderá ser o resgate de nossa vocação agrícola, e principalmente na recuperação econômica da região noroeste.
2 comentários:
certamente,um exelente projeto.Que poderia reincentivar a ocupação e desenvolvimento rural.Gerando empregos, descongestionando a cidade,evitando as ocupações iregulares e retornar o homem do campo ao campo.Revitalizando nossa zona rural e alavancando nossa economia!
sera que existe alguma explicação da ALERJ,em nao apoiar essa iniciativa??
Achei interessante essa matéria captado hoje no endereço: http://www.mudasdeeucalipto.bio.br/conteudo.php?conteudo=noticias_detalhes&codigo_noticia=10
Contudo, não acho que o plantio de eucalipto possa atenuar o desemprego em Miracema, pois sua cultura requer pouca mão-de-obra. Porém, deve ser interessante para o dono da terra, assim como é a criação de gado. Além disso, a cultura de eucalipto requer uso excessivo de agrotóxicos e pode danificar mais ainda o sacrificado solo miracemense, que vem apresentando sinais de erosão.
Hélcio Granato Menezes
A matéria:
“EUCALIPTO LIBERADO NO RIO
Alerj abranda lei e autoriza a plantação extensiva de eucaliptos
Projeto isenta de estudo ambiental o plantio de até 1 milhão de árvores
Rodrigo Camarão
A Assembléia Legislativa aprovou ontem mensagem do governo que libera a implantação extensiva da silvicultura no Estado. Na prática, grandes empresas poderão investir na plantação de eucaliptos, principalmente nas regiões Norte e Noroeste. Essas áreas terão menos restrições á prática da nova cultura. Para até 400 hectares na Bacia Hidrográfica do Itabapoana – o equivalente a 400 campos de futebol ou 1 milhão de árvores – não será necessário o estudo de impacto ambiental prévio. Nas outras regiões do Estado, o limite é de 200 hectares.
Em contrapartida, será necessário reflorestar 20% de Mata Atlântica nativa para qualquer empreendimento superior a 50 hecatares. Mas como o solo da área do Norte e Nororeste é pobre em nutrientes, o presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Florestal, Glauber Pinheiro, duvida de que essa meta seja atingida. O projeto permite que florestas sejam derrubadas, desde que um quinto delas fique de pé.
- Criamos critérios diferenciados por região – disse o secretário de Meio Ambiente, Carlos Minc, autor da lei em 2003 modificada ontem. – Replantar 20% de Mata Atlântica é um ganho e a silvicultura é uma forma de defender a floresta.
Uma platéia de 200 pessoas ligadas a movimentos sociais e rurais estendeu faixas nas galerias da Alerj com críticas ao projeto. “Terra para produção de alimentos. Não ao deserto verde”, dizia um dos cartazes.
O governo do Estado reconhece que o plantio extensivo de eucaliptos no Espírito Santo, por exemplo, gerou consequências ambientais e sociais negativas. Rechaça, entretanto, a formação de desertos verdes e garante que o controle vai ser maior no Rio.
Para áreas superiores a 200 hectares, será exigido que o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Estado seja cumprido. O estudo – que deve ficar pronto até o fim do ano que vem – será elaborado com ajuda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, da Embrapa e da UFRJ. O zoneamento é o mapa do planejamento de todo o uso do solo fluminense, com ánalises de água, relevo e os tipos de empreendimentos indicados.
- O que temos hoje no Rio é a monocultura do sapé, uma erva daninha que não serve nem para pastagem – diz o secretário de Agricultura, Chistiano Áureo. – A lei anterior era altamente restritiva. Agora, encontramos o ponto de equilíbrio.
Representantes do agronegócio têm a mesma opinião. A expectativa é de que 60 mil hectares sejam plantados nos próximos 10 anos com a geração de seis mil empregos, no plantio, corte e transporte.
- Esse projeto abre perspectiva para o desenvolvimento de diversas áreas do
Estado – crê Antônio Salazar Brandão, coordenador do grupo de agroindústria da Firjan – vai aliar o desenvolvimento com a preservação ambiental.
Além do eucalipto para celulose, o Estado prevê plantações de oleoginosas para a produção de biodiesel e de cana de açúcar para o etanol. A única região onde está vedado o plantio é na Costa Verde, entre Angra dos Reis e Paraty.
Por: JORNAL DO BRASIL - RODRIGO CAMARÃO”
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