ESCÂNDALOS

Este artigo publiquei em 22/08/2005 no jornal O TEMPO e por ainda estar muito atual estou republicando.

Estamos assistindo, pelos meios de comunicação, uma sucessão de depoimentos nas comissões parlamentares de inquérito que nos deixam perplexos, não somente pelos fatos que vão se desenrolando, mas com as afirmações inverossímeis dos depoentes. Esses acontecimentos, que não são isolados, demonstram que o País foi invadido por um amoralismo cínico, que justifica e mesmo exalta o vício, o roubo, o crime, a corrupção. A persistente depreciação do Congresso, o aumento bestial da criminilidade, o esvaziamento de valores e símbolos, a falta de ânimo do povo, a perda de referências, o desgaste das opções de esperança são traços de anomia, atimia e acídia.

A população brasileira, espremida entre o desemprego e a violência, sem polícia que a proteja, sem hospital que a atenda, sem escola que a prepare, sem justiça que a defenda e sem dignidade no Congresso que a representa, não aguenta mais por ser o manequim pequeno para a robustez dos problemas.

Para estancar esta degradação crescente é imprescendível restabelecer o sentido de conceitos fundamentais como a Lei, a verdade, a liberdade, a consciência e a responsabilidade. Para estancar a violência, urge corrigir as deficiências do sistema educacional, investir na formação profissional, dar um basta na impunidade, adotar medidas para reduzir o fluxo migratório que retira o homem de seu meio ambiente, expandir o mercado de trabalho e satisfazer as necessidades da população desempregada. E, para isto, precisamos de gente que faz coisas decentes, inovadoras e inteligentes para melhorar a vida de seus compatriotas e não sermos coniventes com valores decadentes.