Artigo de Alfredo Sirkis na página Debates da Folha de São Paulo, o espaço mais influente da imprensa brasileira sobre possibilidade da candidatura de Marina Silva à presidência pelo Partido Verde. Leia e faça circular!
Publicado domingo 9/8 na sessão de debates da Folha de São Paulo, o espaço de opinião mais influente da imprensa brasileira.
Publicado domingo 9/8 na sessão de debates da Folha de São Paulo, o espaço de opinião mais influente da imprensa brasileira.
O caminho se abre...
Alfredo Sirkis
É compreensível que a possibilidade de uma candidatura da senadora e ex-ministra do meio ambiente Marina Silva cause, por um lado, entusiasmo e excitação e, por outro, preocupação. Milhões de brasileiros sensíveis à causa ecologista, à sustentabilidade ambiental e social de nosso modelo econômico, aos destinos do planeta ameaçado pelo aquecimento global, à devastação de nossos ecossistemas e à qualidade de vida nas nossas cidades, vivem na expectativa de dispor de uma voz própria, eloqüente, na campanha presidencial, até agora, arena exclusiva dos defensores do desenvolvimentismo clássico dos anos 60. Por outro lado, entende-se que haja políticos inquietos, cada qual fazendo seu cálculos: afinal uma eventual candidatura da Marina me ajuda ou atrapalha? Quanto ajuda? Quanto atrapalha? Bombardear? Não bombardear? É curioso que as reações políticas e a maioria das análises jornalísticas gravitem a volta desses cálculos pragmáticos enquanto escamoteiam o essencial: Marina representa idéias e aspirações hoje compartilhadas por milhões de brasileiros. Não será legítimo e até importante para a democracia brasileira que elas estejam representadas em uma eleição de dois turnos?
Numa dimensão minimalista teríamos uma campanha altamente instrutiva e educativa, não apenas naquele discurso clássico, defensivista, do ambientalismo: deter a destruição da Amazônia e de sua biodiversidade, a constribuição das suas queimadas em emissões de CO2, etc... mas também na didática daquilo que as vertentes hegemônicas do desenvolvimentismo clássico não conseguem perceber: o futuro econômico e social do Brasil, hoje, depende de mergulharmos de cabeça numa economia verde! Nenhum outro país está tão bem posicionado para atrair investimentos para um eco-desenvolvimento muito embora insistamos em monoculturas, na devastação da biodiversidade para estender mais e mais a fronteira pecuária, em subsidiar veículos poluentes e emissores de carbono, em novas termoelétricas a carvão e novas rodovias no coração da floresta.
No entanto, Marina tem um potencial além do eloqüente discurso de primeiro turno para depois arrancar compromissos programáticos. Pode contribuir para a superação dessa abissal fenda da política brasileira: a compulsória aliança das duas vertentes da social democracia com as oligarquias políticas na busca da governabilidade. PT e PSDB disputam, como lucidamente notou em certa ocasião o ex-presidente Fernando Henrique, “quem vai liderar o atraso”. No instável sistema político-institucional produto do nosso “voto jabuticaba”, proporcional personalizado, ambos dependem do clientelismo e fisiologismo profissional para governar. Melhor fariam em aliar-se, em algum momento, mas como a disputa central se dá entre eles, isso dificilmente acontecerá e a rivalidade é feroz.
Nós, verdes, nos relacionamos com ambos, reconhecemos o papel que respectivamente tiveram nos inegáveis avanços economicos e sociais vividos pelo Brasil deste de 94. Marina é bem talhada para promover uma nova governabilidade com ambas vertentes que, enfim, supere essa polarização bizarra, isole o atraso e abra caminho para uma reforma do nosso sistema eleitoral secando sua dependência do clientelismo, do fisiologismo e do assistencialismo, fontes maiores da corrupção, do excesso de cargos comissionados, do mau uso da máquina pública e da compra de votos, direta ou via centros assistenciais.
O direito de ter um sonho de país e lutar para tirá-lo do papel é inalienável. Os verdes não abrem mão dele mas também reconhecem que transcende suas limitadas fileiras. Nesse momento é impossível saber, de fato, se Marina será ou não candidata. É uma decisão difícil, de fé íntima, que há que se aguardar. O caminho político, no entanto, é claro: não é anti-PT. Nossa fraternidade, muito particularmente com o PT do Acre, remonta a Chico Mendes. Também não é anti-tucanos. Certamente não é anti-Lula embora não possamos abrir mão de criticar sua postura frequentemente atrasada e deseducativa na questão ambiental. Pode, eventualmente, vir a ser pós-Lula...
Alfredo Sirkis
É compreensível que a possibilidade de uma candidatura da senadora e ex-ministra do meio ambiente Marina Silva cause, por um lado, entusiasmo e excitação e, por outro, preocupação. Milhões de brasileiros sensíveis à causa ecologista, à sustentabilidade ambiental e social de nosso modelo econômico, aos destinos do planeta ameaçado pelo aquecimento global, à devastação de nossos ecossistemas e à qualidade de vida nas nossas cidades, vivem na expectativa de dispor de uma voz própria, eloqüente, na campanha presidencial, até agora, arena exclusiva dos defensores do desenvolvimentismo clássico dos anos 60. Por outro lado, entende-se que haja políticos inquietos, cada qual fazendo seu cálculos: afinal uma eventual candidatura da Marina me ajuda ou atrapalha? Quanto ajuda? Quanto atrapalha? Bombardear? Não bombardear? É curioso que as reações políticas e a maioria das análises jornalísticas gravitem a volta desses cálculos pragmáticos enquanto escamoteiam o essencial: Marina representa idéias e aspirações hoje compartilhadas por milhões de brasileiros. Não será legítimo e até importante para a democracia brasileira que elas estejam representadas em uma eleição de dois turnos?
Numa dimensão minimalista teríamos uma campanha altamente instrutiva e educativa, não apenas naquele discurso clássico, defensivista, do ambientalismo: deter a destruição da Amazônia e de sua biodiversidade, a constribuição das suas queimadas em emissões de CO2, etc... mas também na didática daquilo que as vertentes hegemônicas do desenvolvimentismo clássico não conseguem perceber: o futuro econômico e social do Brasil, hoje, depende de mergulharmos de cabeça numa economia verde! Nenhum outro país está tão bem posicionado para atrair investimentos para um eco-desenvolvimento muito embora insistamos em monoculturas, na devastação da biodiversidade para estender mais e mais a fronteira pecuária, em subsidiar veículos poluentes e emissores de carbono, em novas termoelétricas a carvão e novas rodovias no coração da floresta.
No entanto, Marina tem um potencial além do eloqüente discurso de primeiro turno para depois arrancar compromissos programáticos. Pode contribuir para a superação dessa abissal fenda da política brasileira: a compulsória aliança das duas vertentes da social democracia com as oligarquias políticas na busca da governabilidade. PT e PSDB disputam, como lucidamente notou em certa ocasião o ex-presidente Fernando Henrique, “quem vai liderar o atraso”. No instável sistema político-institucional produto do nosso “voto jabuticaba”, proporcional personalizado, ambos dependem do clientelismo e fisiologismo profissional para governar. Melhor fariam em aliar-se, em algum momento, mas como a disputa central se dá entre eles, isso dificilmente acontecerá e a rivalidade é feroz.
Nós, verdes, nos relacionamos com ambos, reconhecemos o papel que respectivamente tiveram nos inegáveis avanços economicos e sociais vividos pelo Brasil deste de 94. Marina é bem talhada para promover uma nova governabilidade com ambas vertentes que, enfim, supere essa polarização bizarra, isole o atraso e abra caminho para uma reforma do nosso sistema eleitoral secando sua dependência do clientelismo, do fisiologismo e do assistencialismo, fontes maiores da corrupção, do excesso de cargos comissionados, do mau uso da máquina pública e da compra de votos, direta ou via centros assistenciais.
O direito de ter um sonho de país e lutar para tirá-lo do papel é inalienável. Os verdes não abrem mão dele mas também reconhecem que transcende suas limitadas fileiras. Nesse momento é impossível saber, de fato, se Marina será ou não candidata. É uma decisão difícil, de fé íntima, que há que se aguardar. O caminho político, no entanto, é claro: não é anti-PT. Nossa fraternidade, muito particularmente com o PT do Acre, remonta a Chico Mendes. Também não é anti-tucanos. Certamente não é anti-Lula embora não possamos abrir mão de criticar sua postura frequentemente atrasada e deseducativa na questão ambiental. Pode, eventualmente, vir a ser pós-Lula...
3 comentários:
Bom dia!!!!
Entendo que Gutemberg deva se pronunciar em relação aos boatos de rua, inclusive publicadas no blog do Sr. Justino sobre uma possivel aliança com Juedyr.
Sérgio
ACHO QUE NÃO É MOMENTO DE MARINA. ESSA ELEIÇÃO É DO SERRA E O PV COM CERTEZA ESTARÁ JUNTO.
UMA BRILHANTE SENADA MAIS SEM EXRESSÃO POLÍTICA PARA UMA CENÁRIO NACIONAL, NA MINHA MODESTA FORMA DE PENSAR.
ACHO QUE O PV DEVERIA INSISTIR COM FERNANDO GABEIRA PARA GOVERNADOR DO ESTADO+
HUGO FERNANDES
Eu voto em Gabeira, para acabar com essa gentalha que esta no governo do estado (principalmente o governador)
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